UNAMÉRICA 35 ANOS

O Grupo Unamérica começa suas atividades no início da década de 1980, mais precisamente em 1983, no Vale dos Sinos/RS. Formado originariamente por Dão Real, José Carlos Martins e Protásio Prates (já falecido), o Unamérica teve também em sua formação o músico e compositor Luis César de Oliveira. No início da década de 1980, a cena musical no Rio Grande do Sul era efervescente e propiciava ao novo. Haviam muitos festivais nativistas pelas cidades do interior do estado, festivais universitários, festivais de canções populares e o rock gaúcho, com o surgimento de muitas bandas, transformando-se em uma referencia nacional.

Dão Real, estudante na Unisinos, Martins, na UFRGS, e Protásio Prates, professor, ligados ao movimento estudantil, começam um intercambio com estudantes universitários de outros países da América do Sul. A cultura e, principalmente, a música estiveram sempre presentes nestes encontros. As Peñas Folclóricas e as Tertúlias passam a ser frequentes e o intercambio musical mostra as semelhanças culturais, as possibilidades e as necessidades de cantar esta América tão diversa e tão única. Surge então o Grupo Unamérica, com esta ideia de integração latino-americana, tendo a arte como instrumento.

Torna-se claro que os limites políticos são impostos e que a cultura não precisa respeitar estas imposições e cria seus próprios territórios e que as fronteiras culturais servem para aproximar e não para separar. Vivemos em um país com dimensões continentais, com uma imensa fronteira geográfica com outros países sul-americanos, sendo que em vários lugares não há um acidente geográfico que provoque esta separação. As fronteiras políticas são simplesmente uma avenida ou uma praça onde naturalmente ocorre a integração entre estas populações fronteiriças.

Seguindo Fernando Brant na canção de Milton Nascimento, “Ficar de frente para o mar e de costas para o Brasil, não vai fazer deste lugar um bom país”, o Unamérica abre os braços para a América, aprendendo a tocar seus instrumentos nativos, como o Charango, o Bombo Leguero, o Quatro Venezuelano, as Ocarinas e as Zampoñas, mesclando os ritmos folclóricos e tradicionais com poesias que mostram o homem e o meio em que ele vive, contando que somos iguais, só não falamos a mesma língua.

O Unamérica marcou a história da música gaúcha. Seu trabalho representa um catalisador de experiências que vêm dos festivais, mas que rompeu com a fórmula estabelecida e imposta pelo movimento tradicionalista. Buscavam unir com a música gaúcha aspectos culturais da América Latina e do Brasil urbano e rural. Com um estilo próprio, suas composições foram sempre influenciadas pelos vários momentos históricos e políticos da América Latina.

Ao longo destes 35 anos, o Unamérica transformou-se em uma referencia neste estado, através da ousadia e ineditismo da sua proposta, associada a uma musicalidade original e universal. A sua sonoridade musical nos transporta pela história da música no Rio Grande do Sul e para lugares e épocas deste vasto continente, através da variedade de instrumentos como as primitivas flautas de taquara e de argila, a viola caipira com afinação cebolão e o violão, tecendo melodias com o charango (pequeno instrumento andino de dez cordas), a rabeca, o acordeon, o quatro venezuelano, o triângulo e o bombo leguero, que produzem Chamamés e Chacareiras argentinas, Cuecas bolivianas, Huaynos peruanos, Candombes uruguaios, Milongas Pampeanas, Xotes e Baiões do nordeste brasileiro, Bois, Sambas e o canto do homem do interior do Brasil.

CRONOLOGIA

1983 – Grupo Unamérica começa suas atividades, formado originariamente por Dão Real, José Carlos Martins e Protásio Prates;

1989 – Unamérica grava seu primeiro LP, pela gravadora ACIT. Denominado de Unamérica, traz canções como América Morena, Gaúchos Doidos, Paz Pra Nicarágua, Rosa Amarela, dentre outras.

1992 – Lança seu segundo LP com o título Unamericando, com músicas inéditas como Andante, Antes da Lua, Mulungu e Por Um Canto Apenas e composições consagradas da música popular brasileira e latino-americana como Pra Lennon e Mc Cartney, Trem do Pantanal, Guantanamera e El Condor Pasa.

1994 – Recebeu o Prêmio Sinos da Terra.

1998 – Para comemorar seus 15 anos de estrada, lança o CD Unamérica 15 Anos, com uma coletânea de seus melhores trabalhos.

2000 – Ganhou o Prêmio Guyanuba de Música.

2008 – Recebeu o Prêmio Rua Grande como destaque em Arte no Vale dos Sinos.

2009 – Participa do CD Trovas da Pátria Grande, organizado pela Associação Cultural Jose Marti, juntamente com músicos brasileiros, chilenos, uruguaios e cubanos.

2017 – Lança em junho o seu mais recente trabalho, o CD Pássaro Poeta, com poemas do cubano Antônio Guerrero, musicados em parceria com Raul Ellwanger e Pedro Munhoz. Este CD conta com a participação de músicos brasileiros como: Pedrinho Figueiredo, Loma Pereira, Demétrio Xavier, Clary Costa, Galba e Victor Batista, além dos músicos cubanos Vicente Feliú e Maurício Figueral e dos argentinos Gabo Sequera e Paula Ferré.

Festivais em que ganhou prêmios

– Unamérica é vencedor no Musicanto de Santa Rosa

– Acampamento da Canção de Campo Bom

– Penha Folclórica de Lajeado

– Seara da Canção de Carazinho

– Guyanuba da Canção de Sapucaia do Sul

– Pastoreio da Canção Nativa de Novo Hamburgo.

Participou de festivais em Santa Catarina (Lajes, Chapecó e Florianópolis) e no Paraná (Pato Branco, Clevelândia e Curitiba). Fez apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Brasília. Destacam também apresentações internacionais na Argentina, Uruguai e Cuba.

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